Era uma mulher comum, mas com algo sutil. Ela era comum, mas não era como as outras. Tinha a pele branca, algo comum, tinha os cabelos pretos presos num bico de papagaio, o que era comum, e estava séria, como todos ali, naquele lugar. Mas havia algo nela, algum detalhe, que fez com que ela me chamasse atenção. Naquele momento, eu resolvi que ia descobri-lo.
Seus olhos eram grandes, mas não enormes. Eram de um tamanho bom, bem situados em sua bela cabeça oval, e eram negros, a não ser pelo pequeno brilho provindo da janela que o fazia brilhar. Não era tão notável, mas era um detalhe. Estavam vidrados, olhando para algum ponto no cenário. Não se sabia ao certo que ponto era esse, talvez nem ela soubesse.
Baixei o olhar. Como todo homem, dei uma olhada em seu decote, que era discreto, mas nem por isso feio. Seus seios não eram grandes, eram comuns. Assim como toda a sua silhueta. A blusa os cobria levemente, sem se preocupar com nada.
Então ela desviou o olhar e olhou pra mim. Na verdade, não creio que estivesse mesmo olhando, talvez apenas tenha pousado seus olhos em mim. E franziu levemente a testa. Ela estava irritada, a partir daquele momento eu pude perceber, mas eu tinha certeza que o motivo de sua irritação não era eu. Não... Não era mesmo...
Gradativamente, seus olhos foram ganhando brilho. Não, eles não ficaram bonitos... Ficaram tristes. Sua testa, até então levemente franzida, franziu-se mais...
E uma lágrima escorrei pela sua face.
Meu coração doeu. Até então, aquela mulher de beleza única, embora comum, que eu tanto estava admirando, estava aparentemente feliz... A verdade é que não estava. Naquele momento eu consegui sentir a sua dor. Seja lá o que estivesse passando na mente daquela garota, estava deixando-a muito triste... Eu tinha que lhe falar algo, não podia deixar que essa oportunidade escapasse...
Nunca podemos deixar que uma pessoa triste continue triste. Isso é sofrimento...
Levantei-me do meu banco e fui em direção a ela, mas ela me fez hesitar. Levantou sua mão como em sinal de PARE, se virou revirando os olhos e limpou o rosto. Assim, foi embora, me deixando parado naquela esquina enquanto atravessava a rua.
Demorei muito tempo para tirá-la da minha mente. Digamos que a sua beleza não combinou com aquele seu olhar triste. Aquilo não fazia parte dela. Pelo menos durante uma semana eu pensei muito nela e queria muito que aquilo que estava machucando-a por dentro não a machucasse mais. E que não tivesse mais motivo nenhum que a levasse a ofuscar aquela grande beleza incomum."
nhaa, q bonitinho *-*
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